quarta-feira, 23 de abril de 2008

O Patrimônio somos nós.




O patrimônio histórico-cultural somos nós, ontem!

Afinal, ele significa uma herança comum à sociedade brasileira - o equivalente ao patrimoniu latino, isto é, bens formados por ascendentes, como um dote paterno ou familiar, e que devem fazer parte, por serem valiosos, das posses atuais e estar sob a guarda de um herdeiro.

O valor de tais bens não está gravado em sua materialidade, e nem a pressupõe, pois ele abrange elementos imateriais como as formas de expressão, os modos de viver, as tradições do fazer, as concepções e as crenças sobre a vida, enfim, tudo aquilo que compõe o farol que nos deve sugerir reflexão e nos guiar o comportamento, principalmente em áreas obscuras ou em tempos tormentosos pelos quais todos passamos, individual ou coletivamente.

Assim, como conceitua a nossa mexida e remexida Constituição, ele inclui todos aqueles bens que sejam suficientemente relacionados com a existência, a ação e a memória de grupos antecessores afeitos à construção da sociedade brasileira; define-os, como material e simbolicamente representativos, principalmente em suas capacidades e valores evocativos.

Nosso país é oriundo do trabalho, da dedicação, do ideal, do esforço, do amor, da paciência, das lutas, da reflexão, das esperanças, da honestidade de propósitos, da ética comportamental de milhares de ancestrais nossos. Próximos – como os pais e avós – e longínquos, como os velhos troncos seculares de cada família – e todos os têm, mesmo quando não os conhecem, o que é, infelizmente, o comum e corriqueiro.

A família, sua história e estrutura, o respeito aos que viveram anteriormente, é parte integrante da capacidade de resistência ética e de fortalecimento institucional de uma Nação. Como esperamos ser respeitados amanhã se hoje, de maneira displicente e descuidada, deixamos que os valores do Passado sejam pisoteados, conspurcados, esmigalhados sob o tacão da bota civil?

Bota de solado tão ou mais duro do que a de militares, pois se esconde e refugia sob a falácia de uma ilusão nascida da mentira repetidamente proferida – a de que a maioria numérica é superior aos direitos naturais dos indivíduos. Se os militares conseguiam o consenso através da intimidação pela força, os ‘civis da redemocratização’ o conseguem pela ignorância em que mantém as pessoas de modo geral. E, é claro, que esta manobra atua – por pura lógica - na massa formada pelas pessoas que não dispõem de instrução mínima, um mal causado politicamente à população e que é transformado em vantagem pela classe política.

Mas há algo que transcende a ignorância livresca, ou o academicismo vão. É a Tradição, que todos recebem em casa, vinda dos Pais. A tradição de honradez, de honestidade, de solidariedade para com o outro menos favorecido, mas sem a comiseração falsa, sem a caridade interesseira, sem o viés ideológico, sem a piedade ofensiva, que tira a dignidade do próximo, e, especialmente, sem a arrogância do poder.

Os sábios, quando possuem poder, se tornam mais pacientes, mais comedidos, mais compreensivos, mais responsáveis por todos, pois mais simples e amigáveis se tornam com o aumento da capacidade de ser obedecido.

Os sábios são pessoas superiores, pois assim se fizerem durante a vida, justo na época em que não possuíam poder. Isto os tornou superiores no pensar, no ser, no agir. Gente superior não troca a Superioridade – elemento permanente do espírito – pelo Poder, elemento passageiro e temporário.

Quem usa da Superioridade fica imortalizado nos gestos e nas benfeitorias que realiza no íntimo de outras pessoas, e se multiplica pelos tempos afora; quem usa do Poder pelo poder, cai no esquecimento tão logo a morte o alcance, quando não é amaldiçoado pela posteridade, o que é comum.

O arrogante é um inseguro, pois em seu íntimo sabe que o poder que exerce não lhe cabe, pois engana aos outros e sabe que é um engano. De onde, a inquietude que gera a grosseria, a brutalidade, a inconstância, e o medo de voltar ao seio das gentes.

Pessoas superiores são especiais e seguras de si, independentes do poder que possam eventualmente possuir; as inferiores, ao contrário, necessitam de guarda pretoriana a lhes resguardar de ataques tão logo se vêem desnudos do escudo do Poder.

Tradiçãol! Tradição não é ideologia, é comportamento! É responsabilidade com os que já se foram e que estiveram por aqui fazendo o melhor para a Pátria, para a Nação, para seus compatriotas.

E o fizerem bem usando o Poder dentro de cada família, mãe, pai, avós. Não é a toa que toda a ideologia totalitária, coletivista, socialmente tutelatória, não suporta a presença da família bem estruturada, sólida em princípios positivos, fundamentada em valores inarredáveis de convívio pacífico e de bom-senso.

O patrimônio histórico-cultural é a lembrança perene desses elementos de forte apelo social, por sobre os quais se constrói efetivamente uma Pátria que perdure. Ele desperta em cada um, mais do que a rememoração do passado coletivo, mas também a reflexão individual da criação familiar.

Aí reside a chave da questão, e problema que incomoda e que urge combater: o INDIVÌDUO.

Como não há individualidade sem pensamento reflexivo singular, ela oferece um enorme perigo para os que buscam perpetuar-se no poder.

Portanto, salvar o patrimônio cultural é manter viva a memória de todas as raças, dentro de todos os contextos e ao longo de todos os tempos da História deste nosso País.

Todo CIDADÃO, homem ou mulher, deve levar tal reflexão em consideração, para que seja um ancestral de boa cepa para os que descenderem dele.

O patrimônio histórico-cultural somos nós, amanhã!